Antirracismo e educação
Antes de falar do Manual para Escolas Antirracistas, é importante falar um pouco sobre o que é o antirracismo.
Politicamente, o sufixo “anti” quer dizer algo mais profundo do que ser contra algo. Ser “anti” significa entender que determinada coisa não tem lugar legítimo na vida coletiva, precisando ser eliminado. Por exemplo, um antifascista não somente rejeita o fascismo e seus adeptos, mas entende que a existência do fascismo é nociva em si mesma, precisando ser eliminada.
É por essa chave de leitura que devemos entender o antirracismo. Ser antirracista não é apenas não ser racista. Trata-se, além de não ser racista, combater ativamente a existência do racismo enquanto realidade social.
A escola é um local importante de combate ao racismo. Por meio dela, é possível educar as novas gerações para que entendam a necessidade de se lutar contra toda a forma de discriminação racial, bem como as desigualdades e violências associadas a categorizações e diferenciações raciais.
Além disso, a educação é parte das políticas públicas de correção de desigualdades históricas associadas a raça.
Foi nesse sentido que foi lançado o Manual para Escolas Antirracistas.
Manual para Escolas Antirracistas: como baixar e objetivos
A Cloe, plataforma de aprendizagem desenvolvida pela Camino Education, foi quem lançou o Manual para Escolas Antirracistas. A empresa, atualmente, está presente em mais de 500 escolas de todo o Brasil.
O Manual para Escolas Antirracistas pode ser baixado gratuitamente neste link.
O Manual para Escolas Antirracistas teve coordenação de Leonardo Bento, professor da Camino School, pertencente a Camino Education. O objetivo central da obra é orientar os gestores e professores no combate ao racismo.
Assim, o Manual objetiva, dentre outras coisas, ser um importante material de suporte de ações antirracistas.
Fernando Shayer, CEO da Cloe e cofundador da Camino Education, ressalta a importância de disseminar práticas antirracistas nas escolas.
“A intenção da Cloe é integrar o aluno por meio de lições que o conecte às situações reais de seu dia a dia e propõem a transformação social do meio em que vive”, diz. “Nessa perspectiva, também é nosso dever unir os estudantes em prol do combate ao racismo, ao começar pelo fomento à diversidade, à inclusão social e à representatividade nos materiais didáticos e conteúdos. A adesão ao Manual para Escolas Antirracistas deve orientar gestores e professores a agirem de maneira assertiva, reeducando toda a comunidade escolar, incluindo pais e os alunos.”
Racismo estrutural e antirracismo
O Manual é orientado ao combate do racismo estrutural. Mas o que é racismo estrutural?
Comumente, muitas pessoas entendem o racismo como atos, palavras e outras ações que expressam preconceito racial. Com efeito, a ideia contida nessa abordagem é a de que o racismo seria um desvio de caráter ou mal do ponto de vista moral.
Não que essa abordagem esteja errada. Porém, ela peca ao pegar elementos que estruturam nossa sociedade e enraízam o racismo.
O conceito racismo estrutural ficou bastante conhecido no Brasil por meio da obra de jurista e filósofo Sílvio de Almeida. Segundo a ideia do racismo estrutural, o racismo no Brasil vem de uma estrutura colonialista e escravocrata. A sociedade formada nesse contexto, estruturada em desigualdades que tinham raça como elemento chave, reverbera até os dias de hoje.
Por isso, o conceito de racismo estrutural define uma série discriminações sistemáticas. O racismo, assim, é encontrado nos costumes e na cultura organizacional, nas relações sociais, empresas e no estado. Ele permeia instituições, como a escola, por exemplo.
Assim, o racismo aparece mesmo em atitudes involuntárias ou inconscientes. É partindo dessas premissas que o Manual para a Escola Antirracista se orienta. O antirracismo precisa, nesse sentido, partir de uma compreensão do quanto enraizado é o racismo no Brasil.