O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu, na última quinta-feira (27), a prisão em flagrante do ex-deputado Roberto Jefferson em prisão preventiva. Jefferson foi preso no domingo (23), por tentativa de homicídio a polícias federais que foram cumprir um mandado para levá-lo novamente para o regime fechado de detenção, após disparar tiros de fuzil e atirar granada nos agentes.
“O preso se utilizou de armamento de alto calibre, para disparar uma rajada de mais de 50 tiros, além de lançar três granadas contra a equipa da Polícia Federal”, sublinhou Alexandre de Moraes, que acumula neste momento também o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Pesou na decisão do ministro o farto arsenal bélico — além do fuzil apreendido e uma pistola automática, os agentes ainda apreenderam 7,6 mil munições para armas de grosso calibre — encontrado na residência do petebista, em Comendador Levy Gasparian (RJ).
“Essa conduta, conforme ampla jurisprudência desta Suprema Corte, revela a necessidade da custódia preventiva para garantia da ordem pública”, acrescentou.
A prisão preventiva não tem um prazo específico para deixar de vigorar. A saída do preso depende de nova decisão judicial.
A suspeita é que Jefferson tenha recebido o armamento pesado, em casa, enquanto cumpria a prisão domiciliar. Em agosto, a PF fez buscas contra o petebista e não encontrou nenhuma arma.
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Para Moraes, “ainda que o interrogado afirme que não teve, em nenhum momento, intenção de matar os policiais federais, e que queria apenas demonstrar estar insatisfeito com a presença policial e com a decisão desfavorável, ele, minimamente, aceitou o risco ao disparar mais de 50 vezes e lançar três granadas contra a equipe”.
Roberto Jefferson, é aliado do presidente, Jair Bolsonaro (PL), e procurou resistir a um mandado de captura emitido pelo STF após ter publicado uma série de ataques verbais e ameaças contra uma das juízas do Supremo Tribunal.
Entenda o caso
No último domingo (23), Roberto Jefferson perdeu o direito de cumprir pena em casa, revogado por Moraes por “notórios e públicos descumprimentos” de decisões judiciais. Quarenta e oito horas antes, o ex-deputado tinha gravado um vídeo atacando a ministra Cármen Lúcia, do STF, e, entre diversos xingamentos, chegou a comparar a magistrada a uma “prostituta”. Uma das regras da prisão domiciliar é que ele não fizesse postagens nas redes sociais, determinação que Jefferson descumpriu reiteradamente.
O ex-deputado resistiu a essa prisão e atacou os policiais. Moraes expediu novo mandado, dessa vez por prisão em flagrante, em razão da agressão à PF. Jefferson foi finalmente preso após horas de diálogo com a polícia.
Reflexo na candidatura de Jair Bolsonaro
Embora Jair Bolsonaro tenha tentado distanciar-se do antigo deputado, chamando-lhe “bandido” e mesmo afirmando que não havia fotografias dos dois juntos, as imagens dos dois abraçados num evento da presidência multiplicaram-se nas redes sociais.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu a primeira volta das eleições com 48,4% dos votos e Bolsonaro, que procura a reeleição, recebeu 43,2%, pelo que os dois candidatos terão de se enfrentar numa segunda volta marcada para domingo (30).