Em entrevista veiculada na última terça-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar o processo eleitoral. Faltando cinco dias para o segundo turno, o candidato à reeleição, disse que, segundo ouviu dos militares, ainda persistem “vulnerabilidades” nas urnas eletrônicas. O Ministério da Defesa não se manifestou.
Em entrevista concedida para Bem Shapiro, youtuber conservador americano, Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas sustentam ser “impossível dar um selo de credibilidade” a esse sistema de votação por conta de “muitas vulnerabilidades”.
“Temos uma eleição pela frente e o que nos traz certa confiança é que as Forças Armadas foram convidadas a integrar uma comissão de transparência eleitoral. E fazem um papel atuante e muito bom nesse sentido. Contudo, eles me dizem que é impossível dar um selo de credibilidade, tendo em vista ainda as muitas vulnerabilidades que o sistema apresenta”, afirmou.
Os militares não fizeram essa afirmação. O que informaram na semana passada foi que devem entregar em janeiro a última etapa de fiscalização realizada no sistema eleitoral. Em 26 anos de existência do sistema de urnas eletrônicas nas eleições, nunca houve comprovação de fraude.
“Eu questiono as eleições há muito tempo. O nosso sistema eleitoral não é o mesmo em nenhum país que tenha uma economia razoável”, prosseguiu Bolsonaro. O presidente ainda citou o projeto derrotado de voto impresso. “Nós lutamos há muito tempo por um modelo eleitoral transparente. Não tivemos força para isso”, acrescentou.
Críticas ao STF e TSE
O chefe do Executivo também criticou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apontando que os magistrados são indicações políticas.
“E o Tribunal Superior Eleitoral, aqui no Brasil, dos seus sete integrantes, três são do Supremo Tribunal Federal, pessoas indicadas por partidos políticos”, ressaltou.
Solto, mas não absolvido
Durante a entrevista, Bolsonaro destacou que, apesar de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter sido solto, não foi absolvido.
“A Lei da Ficha Limpa não alcança quem está sendo julgado ou condenado em primeira instância. Assim sendo, Lula da Silva conseguiu o direito de disputar as eleições. Obviamente, por um casuísmo de um ministro do Supremo indicado pelo PT no passado”, frisou.
Segundo Bolsonaro, “a reeleição dele (Lula) tem de ser evitada com as armas da democracia”. “É mais difícil você lutar com essas armas, mas estamos jogando, como chamo aqui, dentro das quatro linhas da Constituição”, completou.
Contradição
Em sabatina no último dia 23, o presidente disse desconhecer relatório das Forças Armadas a respeito do sistema, mas afirmou que a corporação continua “na busca de possíveis fraudes”.
No entanto, em pronunciamento após confirmação o primeiro turno, ao ser questionado sobre a confiança nos números divulgados pelas urnas e pelo TSE, o presidente respondeu que ia esperar relatório dos militares.
“Vou aguardar o parecer das Forças Armadas que ficaram presentes lá na sala-cofre, repito, elas foram convidadas a integrar a comissão de transparência eleitoral. Então, fica a cargo do ministro da Defesa tratar desse assunto”, disse, na ocasião.