EsportesCopa 2022: Seleções desistem de ação contra homofobia após ameaça da Fifa

Copa 2022: Seleções desistem de ação contra homofobia após ameaça da Fifa

Polêmicas em torno da LGBTQIA+fobia no Catar

A Copa 2022 vem sido marcada por polêmicas. Depois que o jornal britânico The Guardian divulgou o número de trabalhadores que morreram em obras para a Copa no Qatar, muito se discute sobre as violações de direitos humanos do país do Golfo Pérsico.

Uma das grandes questões é a homofobia. A homossexualidade é tratada como crime no Catar, podendo receber sanções que vão de multas até, em casos limite, pena de morte. Ao longo da Copa 2022, autoridades locais reforçam as proibições e ameaças contra LGBTQIA+ no país.

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Copa: por combate à homofobia, capitães correm risco de começar jogos com cartão amarelo
Combate à homofobia, capitães correm risco de começar jogos com cartão amarelo/ Créditos: Terra

Diante disso, sete seleções europeias planejaram uma ação coletiva. Iriam usar uma pulseira colorida com os escritos “One Love” (um amor), em favor da inclusão e contra a discriminação.

Porém, elas desistiram de fazê-lo diante da ameaça de “sanções esportivas” durante a Copa do Mundo do Qatar. Isso foi anunciado nesta segunda-feira (21), horas antes do jogo entre Inglaterra e Irã.

“A Fifa tem sido muito clara: vai impor sanções esportivas se nossos capitães usarem as braçadeiras em campo. Como federações, não podemos pedir aos nossos jogadores que arrisquem sanções esportivas, incluindo cartões amarelos”, escreveram.

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As seleções que participariam da ação eram Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça. A França também era parte da iniciativa. Contudo, por meio de seu capitão Hugo Lloris, anunciou que não usaria a braçadeira.

Entenda a ameaça feita pela Fifa às seleções na Copa 2022

O regulamento da Copa 2022 prevê que os capitães das seleções usem “as braçadeiras fornecidas pela Fifa”. Isso vale durante toda a competição. No caso de alguém usar outro tipo de braçadeira, o árbitro pode pedir ao jogador que abandone o campo para “corrigir a vestimenta”.

Nesse caso, o juiz pede para que o capitão saia de campo e coloque a braçadeira indicada pelo regulamento. Em caso de incumprimento desta instrução, o jogador pode ser repreendido, a critério do árbitro. Um deles pode ser, por exemplo, um cartão amarelo.

Copa do Mundo 2022: confira cinco polêmicas do torneio no Catar | Copa do Mundo | ge
Protestos de torcidas na Europa contra a Copa no Qatar foram constantes: Créditos: Globoesporte.com

Decisão da Fifa

Como dissemos, as críticas às violações de direitos humanos pelo Qatar são uma constante no processo da Copa de 2022. Além da questão LGBTQIA+, chama a atenção o tratamento aos trabalhadores migrantes, sobretudo nepaleses.

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A respeito da questão LGBTQIA+, as ações das seleções europeias foram anunciadas em setembro.

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Inicialmente, a Fifa viu a ação das federações europeias como uma crítica silenciosa ao governo catari. Mas a postura da principal instância do futebol mundial mudou no último sábado (19/11).

Primeiramente, a Fifa anunciou que oferecer as suas próprias braçadeiras de capitão. Nelas, haverá mensagens genéricas, como “Salvar o planeta”, “Educação para todos” ou “Não à discriminação”. Junto com isso, reforçou a regra que aplica punições a quem não seguir estritamente essa regra de usar as braçadeiras fornecidas pelo órgão.

LGBTQIA+fobia no Oriente Médio

É interessante aproveitar ocasiões como a Copa 2022 para falar um pouco sobre temas históricos. A LGBTQIA+fobia no Oriente Médio e no mundo islâmico, muitas vezes, é apresentada como um dado natural desses países.

Mas a questão não é tão simples assim. As leis duras contra populações LGBTQIA+ e mulheres, além de regimes ditatoriais, em grande parte se devem à herança colonial.

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Seção 377. Créditos: Twitter @louverture1984

Um documento importante sobre isso é a conhecida Seção 377 A, criada em 1860 e imposta pelo governo britânico a suas colônias. Essa legislação criminalizava a homossexualidade em todo o Reino Britânico e, a partir de 1870, foi aplicada a todos os seus domínios.

O Qatar fez parte do chamado Império Britânico, existindo na condição de protetorado de 1916 até os anos 1970 do século 20. Nesse processo imperialista, também foi bastante comum que impérios coloniais europeus apoiassem facções mais conservadoras e autoritárias locais, desde que subservientes aos colonizadores, de maneira a manterem um controle mais efetivo das áreas colonizadas.

Assim, legislações mais duras contra essas minorias misturam desde interpretações mais literais e conservadoras das tradições, vindas de grupos autoritários e reacionários, com a herança da Seção 377 A.

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